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Fonte Criativa no Festival Negritudes Globo 2025

  • Foto do escritor: Fonte Criativa
    Fonte Criativa
  • 28 de jul.
  • 3 min de leitura

Na última quinta-feira, 24/07, aconteceu a segunda edição do Festival Negritudes Globo, aqui em Salvador.

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É impossível não reconhecer a grandiosidade e a importância de um evento como esse para nós, pessoas negras – especialmente para os empreendedores e agentes da cultura local. Um espaço de representatividade, troca e reconhecimento que fala do passado, presente e futuro da nossa cultura, trazendo novamente à tona potências negras que movimentam e transformam a sociedade.


Os convidados foram muito bem selecionados, com histórias, trajetórias e vivências que contribuem imensamente para o fortalecimento da identidade negra e a valorização de nossos conhecimentos. Mais do que um evento, foi um lugar de pertencimento. O Bloco Afro Ilê Aiyê abriu o festival com sua grandiosidade, celebrando seus 50 anos de existência e resistência – foi a coisa mais linda de se ver. Em seguida, foi enriquecedor ouvir os convidados no palco dialogando sobre “Cantos e Contos Brasileiros”. Gerações diferentes trocando experiências e reafirmando o quanto é importante nos vermos, enquanto pessoas negras, representadas nas telas, nos palcos e em todas as áreas da sociedade.


No Espaço Afro, ainda mais beleza acontecendo: quadrilha junina, lançamentos de livros e a potente moda afro-brasileira. Falas e desfiles de marcas e modelos de Salvador e Feira de Santana, como Meninos Rei e INTTUI.


No podcast Ubuntu, um dos destaques foi a participação de Edivaldo Valério, medalhista olímpico baiano da natação, que falou com profundidade sobre o esporte como ferramenta de transformação social e sobre o papel dos atletas como agentes dessa mudança.

Foi igualmente gratificante participar da roda de conversa “Ritmos e Sons” e ouvir sobre as inspirações, pesquisas e vivências dos artistas para compor as músicas que amamos. Uma verdadeira aula de musicalidade, humildade e ancestralidade. Como disse Russo Passapusso, cantor da banda Baiana System: às vezes os artistas buscam referências internacionais, mas descobrem que aquele groove, na verdade, é nordestino, baiano, brasileiro – vindo direto do sertão.

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Um dos momentos mais emocionantes da noite foi a homenagem à repórter Wanda Chase, que nos deixou em abril deste ano. Manauara radicada na Bahia, mulher negra que viveu e defendeu a cultura baiana com respeito e paixão. Mesmo sendo evangélica, fazia questão de honrar e representar a pluralidade da nossa cultura. Wanda foi símbolo da multiplicidade que existe em nós: fé, respeito, ancestralidade e luta. Também me tocou profundamente a homenagem à Preta Gil, a quem o festival foi dedicado. Uma mulher preta, bissexual, de sorriso contagiante – símbolo de resistência, liberdade, alegria, ancestralidade e muita coragem.

O evento encerrou com um show lindo do Ilê Aiyê, vibrante, cheio de energia, onde o público entregou tudo – inclusive nos looks impecáveis e criativos. Que presença!

 

No entanto, nem tudo foi perfeito. Em comparação com a primeira edição, a organização deixou a desejar. Muitas pessoas reclamaram das filas extensas e da superlotação. A sala principal – com capacidade para 400 pessoas – ficou lotada o tempo todo, restringindo o acesso a várias palestras. As ativações estavam interessantes, sim, mas o tempo em fila foi exaustivo. E um detalhe que parece pequeno, mas faz falta: não havia sequer um estande de café! Apenas uma pequena torre de carregamento de celular. Além disso, senti falta de mais espaço para empreendedores de diferentes ramos, como trancistas, aderecistas, estilistas, pequenos produtores, entre outros.

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Apesar desses pontos de melhoria, quero destacar o brilho e a excelência dos profissionais que nos receberam: cada pessoa preta linda, educada, acolhedora – uma equipe que enchia os olhos e o coração! Os mediadores Luana Souza, Val Benvindo, Marcos Luca, Thales Ramos, entre outros e os apresentadores baianos, Rita Batista e Wanderson Nascimento, deram um verdadeiro show de talento, inteligência e postura. Foi emocionante vê-los representando com tanta propriedade.


Que a terceira edição venha com mais estrutura, mais oportunidades para empreendedores locais e o mesmo brilho na representatividade. O Festival Negritudes Globo é necessário. Salvador merece vivê-lo com plenitude!

 
 
 

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